Sereno e flexível
A parceria entre Eduardo de Almeida e César Shundi no projeto Cotoxó 926 foi destaque da Revista Projeto Design do mês de julho de 2015.
“O edifício Cotoxó 926, que será construído em Perdizes, bairro nobre na zona oeste da capital paulista, é resultado da mais nova parceria entre Eduardo de Almeida e César Shundi Iwamizu, titular do escritório Siaa. Além do diálogo franco com a rua, a estrutura transparente revela apartamentos residenciais generosamente iluminados e ventilados, organizados em planta livre.
Inicialmente, os arquitetos (assim como outros escritórios) foram sondados individualmente pela Moby, jovem incorporadora que busca criar empreendimentos imobiliários com boa qualidade arquitetônica. Eduardo de Almeida e César Shundi Iwamizu, então, propuseram atuar em parceria, como fizeram em trabalhos anteriores, a exemplo da sede da SAP Labs na cidade gaúcha de São Leopoldo (leia PROJETOdesign 359, janeiro de 2010, e 411, junho de 2014). A afinidade entre eles, que vem desde a época em que eram mestre e aluno na FAU/USP, logo foi percebida pelo cliente como elemento favorável. E o edifício residencial Cotoxó 926 – atualmente em fase de projeto executivo – se desenvolveu em período de intensa troca de conhecimento entre ambos: Shundi estava na etapa final de sua tese de doutorado, que teve como objeto de análise a obra de Almeida.
Sereno é o adjetivo que os autores utilizam para definir o prédio de oito andares. “A nossa postura ética e estética é a de simplificação, de trabalhar com as coisas essenciais”, comenta Almeida. A edificação contará com dois apartamentos de 80 metros quadrados por pavimento, além de uma unidade no térreo. “São formas de morar tradicionais, em certo sentido, mas com a proposta de um espaço mais livre, flexível, com mais luz, tecnicamente resolvido. Nós cercamos o projeto até o fim, não deixamos passar nada.”
A varanda integrada à sala de estar – com abertura para a rua, mas também para um vazio interno – assume importante papel como fonte de iluminação e ventilação naturais. A fachada principal, composta por brises deslizantes, além de destacar visualmente o edifício, permite o controle da incidência de luz e ventilação e da privacidade. As plantas flexíveis proporcionam ao morador maior autonomia na composição dos ambientes (as unidades serão vendidas com três dormitórios).
Parte estrutural do prédio, o miolo central contém a torre de circulações e ostenta ainda um vazio que os arquitetos consideram importante elemento arquitetônico. Quem passar pela rua poderá observar, por meio das varandas vazadas, um painel no fundo da caixa de elevadores criado pela artista plástica Mirella Marino. A boa relação do edifício com o exterior é possibilitada também pelo muro baixo e pelo recuo frontal a ser ocupado por um pequeno espaço público e uma área de lazer coletiva. “Propomos uma arquitetura que contribua para a construção do espaço urbano. Diferente do que se vê muito hoje, com cercas e barreiras. Apesar de não ser uma invenção, é uma retomada de coisas preexistentes, mas que foram esquecidas”, explica Shundi.”
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