Seres urbanos
Wish Casa – Construir prédios bonitos e funcionais, cujos projetos tragam contribuições para a metrópole como um todo e não apenas para os seus moradores, é a proposta de um time de incorporadores que, em parceria com arquitetos consagrados, estão aos poucos cravando sua marca em estados brasileiros, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e colaborando para a criação de cenários urbanos mais sustentáveis e humanos.
Adeptos da bicicleta, do transporte público ou mesmo de uma boa caminhada, eles são contrários à utilização do automóvel como meio de transporte. “Eu abandonei o carro há dez anos e descobri, com essa atitude, como prover uma vida mais inteligente”, diz o engenheiro Alexandre Frankel, proprietário da Vitacon, localizada em São Paulo. Os empreendimentos da incorporadora oferecem serviços de compartilhamento de automóveis e bikes entre os moradores e estão localizados próximos a áreas bem servidas de linhas de ônibus ou de metrô.
Também preocupado com a questão da locomoção e do adensamento urbano, Otávio Zarvos, proprietário da pioneira Idea!Zarvos, defende que cada bairro deveria oferecer tudo o que é necessário para seus habitantes, evitando longos deslocamentos pela cidade e, com isso, o aumento dos congestionamentos. “Vamos entregar quatro residenciais nos próximos anos, na Vila Ipojuca, em São Paulo, e, como a área é carente de escolas, convidamos o Vera Cruz para ter uma unidade próxima, facilitando a mobilidade dos moradores”, conta ele, que ressalta ainda a importância de cada região ser usufruída em sua total capacidade, tanto de dia, quanto de noite. “Vila Madalena e Pinheiros, por exemplo, ficam ociosos durante o período diurno, por isso estou entregando mais projetos comerciais nessas regiões”, completa.
Outro aspecto combatido pelo grupo é a utilização exagerada de muros e grades, os quais tornam as caminhadas pelo entorno dos edifícios monótonas e, consequentemente, as calçadas vazias e perigosas. Segundo eles, essas barreiras físicas de separação entre os espaços público e o privado deveriam ser sutis e planejadas de modo a possibilitar a abertura de lojas, cafés, restaurantes e serviços no térreo dos prédios. “Vou realizar meu maior sonho profissional: o lançamento de um residencial no Itaim, projetado pelo Una Arquitetos, com o térreo aberto para a rua, no qual haverá uma praça autossustentável e um espaço comercial”, adianta Rafael Rossi, da paulistana Huma.
Preocupado não apenas em construir prédios e comercializá-los, o administrador Eduardo Andrade de Carvalho, proprietário da incorporadora Moby, reserva em sua agenda um tempo para dar palestras – como a que fez para os alunos da Columbia University, recentemente – sobre a importância de se pensar a cidade e sua arquitetura, mostrando que é possível fazer construções melhores. “Escrevo também para o jornal O Estado de S. Paulo sobre as lições urbanas que outros países podem nos dar. É fundamental que as pessoas estejam informadas sobre a urgência e a viabilidade de mudanças”, explica ele, que viaja mundo afora para estudar o assunto.
Ideias e discussões como essas estão bastante em evidência na capital paulista, que está para aprovar um novo Plano Diretor – conjunto de diretrizes que planeja o crescimento da cidade nos próximos 16 anos –, e, aos poucos, reverbera em outras regiões brasileiras. No Sul do País, as incorporadoras Smart!, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e Vasselai, de Blumenau, Santa Catarina, são pioneiras em apresentar edifícios com propostas arquitetônicas e urbanas inovadoras.
Confira a seguir alguns dos prédios que vão, pelas mãos dessa turma, emergir no cenário urbano brasileiro nos próximos anos.
Texto de Flora Monteiro, para a revista Wish Casa, em 06/2014.
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